Peter Pan - J. M. Barrie

"Todas as crianças crescem, menos uma."

Hoje vamos falar um pouco sobre uma clássica história infantil: Peter Pan! Muitos de vocês, inclusive eu, o conheceram através dos longas-metragens da Disney. Me lembro que meu pai fez uma assinatura mensal de uma revista infantil na qual nós receberíamos todos os meses um filme clássico da Disney. Esses filmes vinham em... Blue-ray? Não. DVD? Não. Eram em VHS! Aliás, uma das minhas coleções mais fantásticas são essas fitas. Tenho, entre elas, A Bela Adormecida, Pocahontas, Tico e Teco, Dumbo, Robin Hood e, claro, Peter Pan. Aliás, o meu fascínio por Peter Pan era tão grande que fiz meus pais fazerem uma coisa bem inusitada... Mas enfim, se despertar a curiosidade de alguém, conto numa outra oportunidade.

É uma grande oportunidade nós sermos fãs de um desenho, série ou filme quando crianças e, quando mais velhos, podermos ler o texto integral que inspirou aquilo que outrora nos fascinou. Foi em busca disso que comprei esse livro. Me animei quando vi que a Editora Zahar tinha republicado, no ano passado, uma nova edição de Peter Pan muito acima das minhas expectativas: com o texto original e sem cortes, comentários e com as ilustrações originais da primeira edição do livro, que é de 1911. Até aí já estava felizão com a minha compra, mas quando chegou me surpreendi mais ainda, pois a edição está impecável! Capa dura e com aquelas costuras lindas. E sem falar no traço da capa, olha aí:

J. M. Barrie é um dos autores mais criativos que já passaram pela face da Terra. E essa liberdade de criação é reforçada pelo fato dele escrever para o gênero infantil, onde não há limites para a fantasia. Dito isso, vamos falar um pouco sobre a história em si e, imagino eu, não terei que me preocupar hoje com esse papo de spoiler porque, pelo amor de Deus, quem nunca assistiu Peter Pan?

Peter Pan é um menino que não cresce, não envelhece. Prova disso são seus dentes de leite, que parecem pérolas. Ele vive o presente. Tudo e tão somente o presente. Já que não existe uma limitação para sua vida, ele não tem uma boa memória, não se lembra de nada do passado e não tem planos para o futuro. Como esse ser que não cresce, Peter não tem motivos para pensar em algo que não seja o presente. Junto com Sininho e os Meninos Perdidos, ele mora na Terra do Nunca, um lugar que, segundo o narrador, todas as crianças visitam enquanto dormem. Cada um tem a sua Terra do Nunca. E esse é o lugar em que será ambientada nossa história. Mas já já voltamos para ela.

O livro inicia nos contanto sobre os Darling, uma família composta pelo Sr. Darling, um homem que trabalha com investimentos e que, por isso, contabiliza até as folhas de alface que come, e pela Sra. Darling, uma mulher encantadora que levou muitos à quererem se casar com ela e sonha ter filhos. Acontece que, após muitas contas e suposições, o Sr, Darling conclui que é possível terem filhos. Então, eles vieram: primeiro Wendy, depois João e depois Miguel. Essas crianças, que tem uma cachorra como babá, a Naná, estiveram tendo algum contato com um tal de Peter Pan... Quem descobriu isso foi Sra. Darling. Mas, como ela fez isso? Segundo o narrador, todas as mães, depois que os filhos dormem, passam a remexer em sua mente, retirando de lá as maldades e se orgulhando das coisas boas que o filho fizera. Também vê seus pensamentos... E os filhos da Sra. Darling tiveram contato com Peter Pan, e isso deixa a mãe um pouco preocupada. Um dia, entretanto, os pais foram jantar numa casa vizinha, e Peter apareceu na casa dos Darling novamente. Desta vez, consegue convencer as crianças a irem com ele para a Terra do Nunca. Para tanto, Peter convenceu Wendy (que, como todas as garotas da época, sonhava em ter filhos e cuidar deles) de que lá poderia ser a "mãe" dos Meninos Perdidos e do próprio Peter. Ela, encantada com a idéia, vai com os irmãos, voando, com a ajuda do pó de fada de Sininho, para a Terra do Nunca.

Lá, Wendy consegue realizar seu sonho de ser mãe (no sentido de ser responsável pelo cuidado de alguém) e vive, com Peter e seus irmãos, várias aventuras, visitando as sereis, enfrentando as desavenças com Sininho e tentando controlar os instintos aventureiros de Peter...

A Terra do Nunca é um lugar que tem, de fato, personagens incríveis. O que eu mais gosto é o Capitão Gancho. Ele, que é o vilão da história, é um pirata que perdeu a mão direita, que fora comida pelo crocodilo. No lugar dessa mão, colocou um gancho, com o qual matou algumas pessoas durante a narrativa (o livro, é claro, é mais realista do que os desenhos da Disney). O mais engraçado disso tudo é que o crocodilo quer comer todo o Capitão Gancho, entretanto, este tem a possibilidade de escapar sempre, pois aquele engoliu um relógio que está sempre a fazer tic-tac, tic-tac.

A minha grande decepção foi esperar que no livrou também houvesse o Mr. Smee, a mão direita do Capitão Gancho no filme, que é, imagino eu, o Barrica no livro, mas que não é tão engraçado quanto no filme, aliás, o Barrica não é nada engraçado.

Tudo vai decorrendo... até que chegamos no grande final: a luta entre Peter e Gancho. Vai ser algo decisivo, pode apostar. O capítulo se chama "Dessa vez, é o Gancho ou eu". Aliás, isso é algo que não aparece no filme: um final definitivo (talvez porque eles pensaram, e fizeram, uma continuação). Mas, mesmo assim, a história nos dá a entender uma certa continuidade, pois no último capítulo, Peter vai visitar a filha de Wendy e nos dá a entender que o menino de dentes de leite continuaria a fazer amizades e a viver intensamente o presente que o aguarda no futuro.

Não tem como ser outra coisa: o livro é nota 10! Barrie é genial, e não economiza na criatividade. Onde se leu uma história infantil onde uma família com uma babá-cachorro recebe um menino que não cresce, que lá perdeu uma sombra, e leva as crianças da casa para vivenciarem uma Terra do Nunca?

E você, já leu "Peter"? Ainda não? Então clique aqui e visite o site da Editora Zahar. Ao clicar, você poderá ler uma outra sinopse, ler um trecho exclusivo, verificar quais lojas o estão vendendo, enfim. Entra lá.

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